Se pensar fosse caro começaríamos a valorizar e deixaríamos de cometer erros fúteis.















sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Poema da dor (batizado por tata)

Minha infelicidade, minha agonia, minha noite escura.
Autora da minha incapacidade, minha melancolia, meu câncer sem cura.
Falsa esperança, sem nexo, sem sentido.
Dolorosa lembrança, em um momento complexo, meu coração fatalmente ferido.

Minha distorção, meu abismo, minha desestrutura
Sinônimo de confusão e cinismo, minha desventura
Meu pesadelo, minha insônia, meu punhal no coração
Minha alma se faz gelo, morre de vergonha, se entristece sem consolação.

O que já está feito não tem volta por isso minha alma aos poucos te solta
Tento minhas lágrimas deixar cair, mas somente minha raiva quer sair
E me consome minha revolta, e assim meus pensamentos fazem uma escolta
Para nunca mais te deixar entrar, pois os meus sentimentos conseguistes matar.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Quem?

Segue sempre sem sentido
Suave, saltitante, solando e cantarolando
Talvez uma canção, nada muito definido
Nada muito grave ou de se ficar lamentando

Continua ela e suas crises, indo e vindo
No balanço de um cotidiano conturbado
Onde tudo e todos parecem estar contribuindo
Com um final dramático e desesperado

Mas apesar de tudo, ela segue os passos dessa dança
Meio deslocada, frenética e despercebida
Crendo que ainda exista uma possível esperança
Separada de uma estética superficialmente desenvolvida

Ela custa se encontrar, talvez não permaneça a um só lugar
Ela não se assusta com o medo, por estar sempre envolvida em um enredo
Ela manipula as circunstâncias, favorecendo a um ciclo de eternas mudanças
Ela parece sempre instável, pois é tudo, e o tudo é improvável.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Mundo e Deus

Compra-se e vende-se Deus, que tipo você quer? Temos para todos os gostos, Deus de milagres, vingança, dinheiro, saúde, paixão e afins. Deus pra tudo e todos, nas maledicências e grosserias, nas luxúrias e lascívias, na boca do ímpio e atrás de um terno. Afinal, Deus, é o Deus que tudo faz, tudo dá, tudo opera e que tudo troca.
Ultimamente a troca é um comportamento passado de seres mortais a um ser divino e chega a ser irrelevante o modo e a estratégia utilizada, pois quando se trata de um intercâmbio ou uma troca, não existe uma certa regra, pois troca é simplesmente dar algo com fim de receber na mesma proporção ou maior. É essa a visão micro que o mundo atual tem, ver Deus como uma corrente de intercâmbios, uma fonte onde somente se vê o lucro, um mundo que se consome em consumir traz a opção de consumir Deus, porque Deus é consumo, se pensamos em Deus pensamos em prosperidade material, invulnerabilidade emocional, a um ponto de se considerarem inatingíveis até para o próprio Deus, que quanto mais se aproxima mais se distanciam na sua auto-suficiência, se tornando deuses de si mesmos, em uma sociedade pluralista se dividem em pequenos grupos de inumeráveis deuses. Pois para cada perfil se exige um deus diferente.
A visão que o mundo tem de Deus se resume em saciar as vontades pessoais de cada um, em alcançar o bem para um pequeno grupo, em estar em perfeita harmonia consigo onde tudo está no seu devido lugar. Por tanto, Deus é uma saída de emergência para o problema de cada um, não se fala mais de um relacionamento entre Deus e criação, pois esse relacionamento se distorceu no atual jogo de interesses, as pessoas sedentas procuram Deus não para um relacionamento saudável e sim para trocar suas angustias e necessidades por bens materiais ou milagres instantâneos, sendo assim, após Deus ter agido na sua absoluta misericórdia, esquecem de quem Ele é e voltam para sua rotina até algo anormal voltar acontecer e assim voltar ao mesmo ciclo onde Deus está somente para acabar com o problema.
Enfim, nos tempos atuais as pessoas se preocupam consigo e com seus seres queridos, tendo Deus como um “vale benefício”, esquecendo assim seu verdadeiro próximo, aqueles que perecem nas ruas, carentes de tudo, esquecendo que Deus também se importa por eles. Para o mundo, a essência de Deus está em constante decadência, pois a cada dia que passa o verdadeiro conceito de Deus se distancia daqueles que pensam que O conhece. Já não sabem quem é o “Grande Eu sou”, já não se preocupam mais em perguntar quem e o que é Deus, conhecer  Deus é um compromisso muito complexo que as pessoas evitam fazer, pois é mais fácil pedir sem conhecer verdadeiramente a fonte..

segunda-feira, 28 de março de 2011

Quem Traiu Jesus. Rabino Nilton Bonder

O Em pleno período da Páscoa arqueólogos apresentam um pergaminho com outra versão sobre o comportamento do personagem Judas. Figura essa de quem se carreou a identificação com os judeus milenarmente associados à acusação de deicídio. Essa era uma das questões mais importantes do documento Nostra Etatae (Nossa Época) articulado sob a liderança de João XXIII e que revia as relações católico-judaicas em suas questões mais básicas. E nada mais básico do que a identificação do judeu com o traidor, o desleal e o infiel.
As teologias têm normalmente a função de responder perguntas iniciadas por "por que": o porquê da vida, da morte, das tragédias e das injustiças. No entanto, qualquer teologia produzida a partir do pronome interrogativo "quem" exige cautela. Isso porque para tal pronome a única resposta sagrada e madura é a que evoca os sujeitos "eu" ou "nós".
Quando da destruição do Segundo Templo e da devastação de Israel pelos mesmos romanos que torturaram e executaram Jesus, a teologia judaica se perguntou: "Quem é responsável por tanta destruição?" E para responder a um "quem?" de forma madura tiveram que corajosamente reconhecer: nós mesmos. Foram as próprias iniqüidades e perversidades do povo que trouxeram as destruições e agruras das quais eram vítimas. Em absoluta afinidade com a mensagem profética que cobrava tudo da própria consciência humana, os rabinos lavaram as mãos dos romanos para evitar uma teologia de demonização que só serve para evadir-nos do verdadeiro processo espiritual que é o aperfeiçoamento e o crescimento humano. Não o fizeram como um ato magnânimo e ingênuo de perdão, mas por perceber que não haveria forma saudável de traduzir a tragédia que não fosse assumindo a responsabilidade e evitando a busca da culpa de terceiros.
O pecado original humano é não ter entendido a pergunta que o Criador fez a Adão após comer do fruto proibido. Em vez da pergunta "onde estás?", Adão imerso em culpa pensa tratar-se de uma admoestação iniciada por "quem?". Como uma criança incapaz de assumir a si mesma e seus atos, ele aponta para Eva e esta para a serpente como culpados. Mas a serpente não está fora, muito menos no outro, mas em si. Essa é a função messiânica principal: resgatar-nos a responsabilidade que advém da habilidade de responder sem recorrer a outros culpados, a "quem?".
É chegada a hora de selar essa pergunta a não ser que ela seja respondida de forma teológica. Quem matou Jesus? Nós. Muito em particular todos os cristãos. Quem são os sacerdotes colaboracionistas? Os do Templo, mas em particular todos os cleros que para salvar suas instituições sacrificaram indivíduos que pregavam liberdades religiosas, ideológicas ou científicas. Essa é e sempre será a mensagem messiânica: o fim da segregação e da discriminação que nascem na pergunta "quem?". O culpado dos males do mundo não é o outro, seja o ladrão, o bastardo, a prostituta, o general ou o sacerdote. Quem Jesus perdoa em seu martírio por não saberem o que fazem não são indivíduos ou grupos específicos, mas o ser humano, a humanidade como um todo.
Um bom cristão que quiser confrontar essa pergunta milenar terá que se reconhecer entre aqueles que não permitem a chegada destes tempos utópicos sonhados pela cultura judaica de Jesus. Terá que se responsabilizar mais do que culpar. Terá que resgatar o Adão que pensava a serpente estar no "outro", quando era parte de si.
Há pouco, num debate na PUC, perguntaram-me como seria o Messias dos judeus. Eu então respondi: seria parecido com Jesus. Afinal é justamente um grupo de judeus que há dois mil anos o identificou como tal. Porque o Messias se traduz por um ser amoroso que não precisa culpar para se redimir, que prefere ser ele mesmo o bode expiatório ao invés de ludibriar sua própria consciência achando que o mal está nos outros.
O Messias para os judeus será alguém como Jesus que virá num dia onde as pessoas não terão que culpar esse Messias e matá-lo. Nesse dia, quando não mais se levantar a insidiosa pergunta "quem?", o Messias de cristãos e judeus (e de todos) terá a mesma essência. Afinal, Jesus morre com a única pergunta santa possível. Ele morre com um "por que?" e não com um "quem?".

Nilton Bonder
Rabino e escritor

sexta-feira, 4 de março de 2011

Deus, a mulher e a serpente


Nada como uma construção teológica baseada em idéias de origem própria, que repentinamente surgiram de uma frase ou de um pensamento que toma forma em meio de um vácuo. No entanto o que veremos nesse texto foi genuinamente desenvolvido a partir de experiências, convivências e pesquisas bibliográficas, será apresentado como uma simples teoria baseada na observação de vários casos que envolvem nossa geração pós-moderna.
A maior criação de Deus foi a humanidade, que foi introduzida nesse mundo com o intuito de relacionar-se com seu Criador. A princípio só existia o homem que era o ser que continha um caráter mais forte, que tomaria as decisões mais sérias e complexas, enfim, que seria o cabeça. Mas essa autêntica e exclusiva criação não estava completa, pois Deus é um ser comunicável e conseqüentemente sua criação também seria, então observando o Criador que o homem caminhava em solidão, decidiu criar uma companheira, ou seja, a mulher, frágil, carinhosa e animadora que estaria ao lado do homem como apoiadora idônea. Foi então que o Todo-Poderoso desenvolveu sua versão do amor exclusivamente para sua criação. O amor Eros criado para ser compartilhado entre o homem e a mulher, um amor único, singelo e eficiente envolvendo ambos como um casal, dividindo as mesmas situações, sendo uma só carne.
 Porem existe uma verdade que está dentro da mulher e que muitas vezes o homem não reconhece. A mulher tem um poder, não se trata de um poder místico, mas sim que envolve a área mental-emocional, pois Deus deu à mulher a habilidade de suporte, onde ela apresenta sua maneira mais eficaz de ajudar ao homem a tomar decisões cautelosas. Porem não foi como imaginaríamos que seria, a partir do momento em que a serpente se inseriu no mesmo ambiente deles tudo começou a distorcer, pois na sua astúcia e audácia decidiu fazer os seus apelos a mulher, pois sabia bem que a mulher era o meio mais fácil de atingir o homem, e assim foi, com a permissão do Criador e sua perfeição ao entregar a liberdade de escolher, a mulher caiu na “lábia” da serpente e induziu ao homem a morder do mesmo fruto proibido que ela já tinha mordido, cavando então esse eterno abismo que existe entre o Criador e sua criação.
Foi assim que se dilatou tanto positivamente e negativamente esse “poder” feminino, e hoje por causa desse primordial acontecimento podemos afirmar que a mulher tem capacidade de construir e destruir a vida do homem, pode tirar a razão do homem e envolve-lo em um êxtase emocional ou pode devolver a razão e trazer o real crescimento nas suas decisões.
A mulher é uma das chaves principais do progresso da humanidade e do homem, pois como propulsora sempre tem as palavras certas para dizer, ao contrário também pode regredir a vida do homem soltando uma rajada de palavras avassaladoras destituído-o de toda graça aprisionando-o delas, levando-o cada dia mais ao consumo da sua alma, da vontade de viver, de ser alguém.
Concluímos que a mulher tem um poder de influência extremamente forte na vida do homem e isso é conseqüência desses dois acontecimentos na sua origem, a perfeita criação de Deus distorcida pelo astuto ar da serpente trazendo assim essa dualidade de poderes onde entram em constante conflito trazendo vitórias e derrotas na vida do homem.
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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Desesperança

Rasa verdade
Falsa liberdade
Relacionamento quebrado
Envolvimento desestruturado

Lamenta meu ser com profunda agonia
Experimenta o agro gosto da ironia
Palavras que despedaçam uma aliança
Amargas cospem qualquer sinal de esperança

Impregnadas no âmago da minha essência
Centradas na autopsia de uma caluniosa vivência
O cúmulo de saber o caminho e ignorar a saída
No túmulo, uma amizade que perdeu o sentido e a vida

Minha alma paira no ar sem saber reagir
A calma não quer entrar, pois minha tristeza não posso fingir
Minha razão sangra e meu coração chora
Minha emoção desmancha e a frieza dentro de mim aflora.

sábado, 27 de novembro de 2010

Revoltas contra o mundo ( I )









Mundo cénico tão cínico
Vaga mundo mágico tão trágico
Classe média de um quase tédio
Cai-se a comédia de um alto prédio
Desenvolve ciência e com ela violência
Envolve aparência e sem ela a competência
Enlaço de corrente de aço
Embaraço, do que um dia foi um laço
Pena, a soma de quem condena
Lema, de quem vive em uma cena
Verdade, que para muitos está fora dessa presente idade
Realidade, que para todos deixou compressa à doente sociedade